sábado, 10 de julho de 2010

Doce partida



''Vem aqui comigo?!" Lhe perguntei isso estendendo uma das minhas mãos trêmulas, o que revelava o quanto essa frase tinha custado a sair não só da minha boca, mas da minha cabeça armada de censura. Você me deu a mão, e assim fomos andando de mãos dadas em meio a chuva, desviando de pessoas que místicamente ficaram invisíveis naquele momento. Era eu e você de novo. Aonde? Não sei. Quando? Não importa. Era eu e você e um silêncio gritante.

Sentamos na calçada, você me deu seu casaco pra me proteger da chuva, abracei seu casaco como quis abraçar você, queria sugar aquele cheiro de forma que ele entrasse em meu corpo e ficasse em mim depois que você fosse embora. Não precisávamos falar nada, era desnecessário. Sua mão sem soltar a minha, me atualizava de suas novidades. E entre elas eu li no seu olhar que seu amor por mim ainda não tinha acabado.

Tá e agora? O que fazer com essa informação, se as coisas jamais serão como antes? E então, que diferença isso faz? Ai é que está, nenhuma. Talvez se eu soubesse disso há dois meses teria repetido os mesmos erros, mas agora? Depois de tudo que aconteceu? Não... Não mesmo!

A melhor parte é que você me entendia, tão bem, como nos velhos tempos. E você entendia que a única coisa que eu queria era parar aquele momento, mas depois virar as costas e ir, sem ao menos olhar pra trás. E assim aconteceu. Tão bom te rever, tão bom ser você de novo, tão bom quanto voltar na casa do campo que eu tanto brinquei na infância. Porém, uma hora a cidade chama e as buzinas da realidade me dão forças para vestir seu casaco, levantar e seguir, atravessando sozinha agora aquela multidão de pessoas. Indo finalmente embora.

Talvez não para sempre, visto que sempre não existe. Mas sim por um bom tempo, o suficiente para que sua mão e olhar não mais me diga ''Eu te amo''.

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