quinta-feira, 28 de julho de 2011

Fertilizando o território da mente, continuo acreditando no sentimento, na razão e no meio termo. Termino frases, coloco pontos e eis que fecho o velho ciclo mal resolvido. Resolvido! De agora em diante serei apenas aquilo que sou e farei aquilo que me faz ser. Ser humano, vivo e errante. Tenho que parar com essa mania de querer prever o futuro. Síndrome da cartomante. Não sei, não sei, não vi. As cartas estão postas na mesa e a vida está ai de plano de fundo para bilhões de histórias que nunca se cruzarão, ou não. Só sei que no meu barco quem rema sou eu! Será? Quedas, abismos, precipícios ou pontes que o tempo construiu me levam a driblar o destino com fé na sorte. Movimento e morte: eu. Que sou o que penso ser, que escolho o algoz ao invés da vitima. Sou aquilo que mais detesto em mim, por isso deixo tudo pra trás, enterrando no cemitério dos desfechos o que sobrou dos ciclos fechados.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Compilação de uma tarde à beira do precipício.

Não é como parece. Os desenhos animados já nos diziam. O mestre dos magos não é o mocinho e o cisne na verdade é uma princesa. Filosofando em numa varanda baixa, cigarros e bebidas, somos três mulheres geniais, incríveis e alucinadas. Contemporâneas de uma época, de uma alucinação. Dentro de uma matrix, de um software, de uma invenção, vamos nos tornamos cada vez mais alienadas de nós mesmas. Estamos completamente imersas na subjetividade atômica que inventamos, chegamos ao nirvana juntas, junto a sensação de plenitude de saber que nada é real. Suicidas em uma varanda baixa com muita vontade de viver, estamos matando as nossas verdades que convivem com a verdade do outro e com a verdade imparcial que se perde no cosmo. Sincronicidade. É o que faz vidas e rotinas anônimas e análogas se cruzaram num momento qualquer em um lugar qualquer. Falamos de sexo, de amor e de loucura, citamos Freud, Einstein e Alice. Gozamos com Clarice, com Pessoa e com a tal Joana que precisa existir pra que Chico seja genial. O que isso significa mesmo? Nada. Não significa nada. Somos vizinhos de gênios, somos vizinhos dos anônimos que podem ou não mudar as nossas vidas. Nesta hora dou um grito, um alívio, diante da descoberta de um segredo ancestral. O que são pontos pretos em um fundo branco? Existe mesmo um fundo com pontos? A verdade é que quanticamente nunca nos tocaremos, e ainda quanticamente somos um átomo que não é sólido. Ou seja, somos códigos enxergáveis apenas para nós mesmos, fluidos, composições do acaso, aglutinações do destino. “O mundo é perfeito’’ nosso sistema de maluco que não é. Inventamos as janelas que são vivas, com nossas almas acesas ou apagadas. Vivemos em cubos, quadrados que não se comunicam. Do conjunto de cubos se formam prédios e quando vejo os prédios com janelas acesas só consigo pensar na vida de cada uma destas pessoas. Suas dores, seus medos, suas perdas e ganhos, seus amores, seus sonhos, sua morte, seus vícios e coleções. Só consigo pensar nas vidas paralelas e em passados e presentes que coexistem. Somos três loucas e pensantes, somos três em sintonia de sentimentos, somos três conjuntos de átomos filosofando numa bolha. Apertando as nossas mentes habituadas, confrontando nossas ideologias e sentimentos. O que fizemos com nossa espécie? Que espécie de formigas operárias nos transformamos para sustentar esta alucinação e esta entidade imaginária que chamamos de sociedade? Será mesmo que os loucos estão nos hospitais psiquiátricos? Ou será que os loucos estão nas universidades, nas empresas e nas varandas baixas filosofando sobre a vida?