quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Colapso dos sentidos

Algo incomum aconteceu esta noite.
Todos os sentidos potencializados.
As cores, as formas, os traços, os cheiros e os sons já conhecidos misturavam-se com os cheiros, sons, formas, traços e cores que eu nunca poderia ter visto.
Eles dançavam ao mesmo tempo no meu campo perceptivo, não mais limitado.
Alumiavam, apareciam, dissolviam-se no tempo e no espaço, embebedando-me naquele sonho estranho e púrpura.
Púrpura, anil, vermelho, amarelo, verde transformavam-se em todas as cores e feriam os meus olhos como flashes certeiros que cegam por instantes.
Eu era um corpo.
Minha mente, alma, espiríto, Deus era um corpo.
Sensações não segregáveis, nem dicotômicas.
Eu era a tenuidade entre a vida e a morte,
entre a sanidade e loucura.
Eu estava exatamente na linha,
no momento exato que se deixa de existir para morrer.
Vi, escutei, senti e pulsei até o limite que o meu corpo aguentaria sem definhar.
Os vidros quebraram nas minhas mãos,
tudo que eu tocava virava areia,
animais tinha corpos humanos
e a luz ofuscava meu senso de coerência.
Eu era capaz de sentir os meus orgãos trabalhando sincronicamente.
O sangue pulsando
As sinapses cada vez mais nervosas
O pulmão inflado
A pele arrepiada
Era vivo, era espécie, era bicho.
Mas que sonho louco, tão corporal, tão viceral, veio de dentro.
De dentro para fora.
Está tudo muito confuso, eu só sei que eu respiro e que meu coração bate.
Eu sinto, eu farejo.
Eu não penso, eu só sinto.

Um comentário:

  1. pra mim, um dos melhors até agora! o mais envolvente, convincente e real. mais um pouco entraria em colapso nos sentidos..rs..adorei, milla

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