domingo, 1 de agosto de 2010


Chegou em casa ofegante e angustiada, não acreditava no que tinha acabado de fazer, não acreditava nas palavras que tinha saído da sua boca. Preocupada, ansiosa, perambulava pela casa como alguém que procura uma saída de emergência. Queria fugir! Por um momento não ser ela mesma, queria sumir dali, voltar no tempo, consertar o erro.

Ela costumava se arrepender das coisas que dizia no calor da emoção, afinal sabia que não tinha como controlar a repercussão das suas palavras. Mal sabia que esses momentos de impulso eram, os quais ela era mais verdadeira, mais ela mesma.

Mas e porque então fugia tanto das suas verdades?

Trancou-se no apartamento, desligou o celular, apagou a luz, deitou na cama do jeito que estava vestida e chorou, chorou, sentindo a pior dor do mundo, a dor de ser julgada por si mesma. Chorou ate dormir, como se quisesse se desintoxicar de toda aquela ansiedade e raiva que a consumia.

Ela já não podia mais voltar atrás. Só podia recomeçar no dia seguinte, como já havia feito infinitas vezes, só podia chorar até dormir e acordar como se nada tivesse acontecido. No entanto, essa vez não seria como as outras, ela não sairia tão ilesa assim. Mais cedo ou mais tarde, esse encontro, dela com ela mesma, haveria de acontecer. Mais cedo ou mais tarde, ela precisaria se reencontrar e resolver suas questões. Até porque o apartamento fechado, o celular desligado e a luz apagada são suficientes para protegê-la das coisas externas, mas nunca, jamais a protegeria dela mesma, sua verdadeira algoz.

Um comentário:

  1. Porque amiga ? Porque meidentifico tanto com seus textos, me reconheço em vários momentos da minha vida em vários trechos?

    Você tem que escrever a minha biografia um dia!

    Beijos, sucesso

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