Hoje, a criança que mora em mim resolveu se rebelar. Chega de adultecer! A criança que mora em mim, apareceu quando eu me olhei no espelho. Ela olhou pra mim e eu poderia escutar a gargalhada dos seus olhos. Gargalhada gostosa, daquelas típicas de cócegas. O seu olhar despertou em mim todos os sentimentos possíveis, cai no chão, perdi a compostura e não me reprimi por isso. Ela continuava me olhando ternamente, sorria e me oferecia sua mão macia, pequena e limpa. Brincamos de roda, corremos e nos escondemos uma da outra, gargalhamos muito e por fim, acabamos deitadas no chão, suadas, ofegantes e leves de tanto brincar. Não lembrava do quanto era bom quando ela me visitava, afinal há muito tempo isso não acontecia. Ela era capaz de enxergar o céu nas rachaduras das paredes, fazia das latas de margarina navios e via castelos em caixas de sapatos. Ela criava, ria, brincava. Não estava muito preocupada com a maldade do mundo, nem com a instabilidade econômica, não tinha a menor idéia do que eram as drogas, a violência e as guerras. Ela não estava no passado, muito menos no futuro. Ela vivia o aqui e agora, agora e aqui.
Hoje ela veio me visitar, hoje ela veio cantar e ri pra mim com seus dentes de leite. Ela me entregou uma rosa branca e pediu que eu lembrasse dela toda vez que a olhasse, eu lembro, eu lembrei. Não quero voltar a ser ela, mas quero e preciso que ela esteja sempre comigo. Brincando, relaxando, acreditando com toda alegria, roubando de mim a expressão ranzinza, o mal-humor, oferecendo-me amor incondicional, sem interesses ou contratos, apenas amor. Hoje, eu quero ficar com ela, deitada no chão, rindo e fazendo caretas, hoje eu quero imaginar como seria morar na lua, hoje eu não quero pensar no futuro, hoje eu quero cantar Xuxa, Sandy Júnior e músicas de ninar.
Hoje eu tenho oito anos.
Hoje fiz uma besteira e minha mãe trancou a garagem... quer brincar no quintal comigo?
ResponderExcluir=D
ResponderExcluirLINDA!
que delicia de textoooo!
ResponderExcluirque delicia ser crinça e inventar um outro mundo ao redor do nosso próprio (:
dorei.