sexta-feira, 7 de março de 2014

Chile 678

Eu fecho os olhos
o tempo e o espaço rodam
acordo nas minhas ruas
em mim

Eu sou a fechadura que empurra
o portão de ferro pesado e antigo
Eu sou a sinaleira e as faixas
as vitrines
e o entardecer

Eu sou a solidão
a história
Fecho os olhos e posso
sentir o vento frio
que toca o meu rosto

Sinto o peso do abrigo
e volto a ver através dos meus olhos
as ruas que sou

Fecho os olhos e subo
o velho elevador de grades
que dá em lugares diferentes
O meu teto
é de vidro
entra a luz do sol

Beijo na testa
cama quente
estou em casa
estou em mim.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Avenida 9 de julho, Buenos Aires

E na nove de julho
passei e caminhei
olhei perdidamente
lágrimas deixei

Deixei sorrisos
os ruídos
e os caminhantes
testemunhas do grande achado
perdida
eu

A nove de julho
foi palco
das infinitas telas que pintei
a janela de Liz
e o fim urbano da tarde

Com uma garrafa de vinho
embaixo do braço
com uma alegria e uma angústia no peito
a nove de julho era eu
com frio
e nua
a nove de julho me conheceu.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

E vem de todos os lados
a tal da falta que gera movimento
E eu não entendo
Essa insatisfação constante
De só reconhecer depois
a importância do instante
De só amar depois que passa
cada sentimento.

sábado, 2 de novembro de 2013

Menina com mania de organizar
Organiza documento, armário
e até o dia.
Mas que boba essa menina,
A felicidade é pra quem bagunça,
desorganiza e inventa
A vida é grande demais para caber em uma agenda.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sou poeta de mim mesma
Do vazio
e do medo que me acompanha
Quem leria os versos desordenados da minha vida?

Mente obtusa
vida desembaraçada
Escrevo meus ventos
Escrevo a minha rosa

Sou poeta dos faróis altos
dos apressados
e dos mudos
A lingua é maior viagem entre dois mundos.

Um caminho largo e sonoro
entre histórias
Sou poeta e uso a palavra
para subverter
subverter as imagens
que me causam
sede
insônia
e dor.
A cabeça roda
Os pés seguem
Os olhos se perdem
As mãos anseiam
a escrita,
salvação.

Nesta tempestade
a poesia é o meu barco.
O caos atropela
mas o desejo,
continua a arder.

Os meses passam
E vem a saudade
de quando não haviam fronteiras
para os meus passos.

Aprendi com o céu,
as estrelas e o luar
que todos vemos o mesmo
quando olhamos para cima.

O mundo é um giro
Uma volta
Um suspiro.
Quero te beijar na Metade do Mundo
Nem pela metade
Nem pela última vez

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Eu te amo
Como quem se despediu
Sabendo que a ingenuidade foi rompida
Sabendo que não haverá futuro

Se nos juntarmos é temporário
Se nos separarmos
o vento leva
e dita as direções

Quase não vejo nada
Nem do termo
e do meio em que estamos
De estar sem estar estando
De amar, partindo.