terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Catarse

O momento é perfeito.
Papel e caneta, caso antigo.
Sabe a hora do dia que eu mais gosto?
A hora do crepúsculo.
Nem tarde, nem noite.
Gosto do marasmo desse horário...
Tons de laranja se ajustando com tons de azul no céu.
Me equilibra.
Onde quer que eu esteja, eu gosto desse tempo.
Pode ser da janela do meu apartamento, vendo as luzes da cidade acenderem progressivamente.
Ou melhor, pode ser da areia da praia, contemplando a imponência com que as ondas do mar cumprem sua rotina.
Gosto desse intervalo de tempo.
É como estar apaixonada.
É como ter vontade de passar um dia inteiro deitada numa cama olhando para alguém.
Ainda não sei o que isso significa...
Mas, esse vento entre a gente e essa sua forma de me olhar, me embebeda.
É, aconteceu.
Preciso dessa tarde no meu corpo.
Não, eu não preciso de você.
Só estou aqui porque eu quero.
É, eu te quero.
Prazos de validade sempre me desafiaram.
Gosto de ir em frente e ver até onde vai o limite do aproveitável...
Meus pensamentos retornaram a janela do meu apartamento.
Agora, o preto da noite vai vencendo o laranja e o azul do crepúsculo.
Sinto meu futuro me cobrando explicações.
Onde eu estive, ou o que eu estive fazendo.
"Já é noite, hora de voltar pra casa".
Não, não quero parar de escrever minha subjetividade,
tou ficando boa nisso...
Tem funcionado assim, como uma catarse.
As palavras simplesmente vêm e vou psicografando minha essência não barrada.
O meu passado é apenas um porto seguro quando o presente ou o futuro me assusta.
É só um chão que eu posso pisar pra ter certeza que eu tenho certeza de alguma coisa.
Só isso é o meu passado.
Meu futuro, esse é feito de sonhos.
O que eu temo de verdade, é o silêncio do meu presente.
É como o mar que me encontra na areia junto ao crepúsculo e me diz tudo sem me dizer nada.
Na verdade, eu estou bêbada...
Bêbada dessa maresia, desse sentimento de amor e paz numa cabana de palha, estou bêbada desse sol se pondo e deste fim de tarde que me cala.
Eu não quero que nada estrague essa completude que eu sinto agora.
Eu quero que todo mundo sinta o que eu estou sentindo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário