E ai veio a morte
e como um redemoinho arrastou
tudo, tudo que não se sustentava mais
tudo que capengava
tudo que estava meio firme, meio solto.
E ai veio o caos
varreu as ruas
deixando tudo vazio
cinza
amargo
como a solidão
Frio como abandono
sem sentido
E ai veio a lágrima
a dor
as perguntas
o sangue
o desespero
o grito
A luta
sigo em luta
E ai veio a saudade
a esperança
a falta
a lembrança
o medo
O sofrimento sorria
e o tempo tudo assistia
cálido, mudo.
Gelado
chão
corpo aberto
E ai chegou o abraço
o afeto
as palavras,
os remédios
Saiu o choro preso
e finalmente o perdão.
Nasceu pontos de cor
azul, verde, amarelo
eu vi o vermelho
e a luz
Do caos a criação
ao oxigênio
ao amor
A vida envolvia o chão
que não era mais chão
era céu
era nuvem
era paz.