quinta-feira, 26 de julho de 2012

Pouco importa os pensamentos quando estamos correndo, ventilando o corpo.
Queria ter um pulmão gigante para captar todo ar do mundo,
de peito aberto e corpo fechado,
forte.

Não é possível conviver com tantas dores,
tantos nós, tensões e mal-jeitos no corpo e na alma.
Quero suar esses medos
essa ansiedade.

Porque me ensinaram que devo correr contra o tempo?
Porque me disseram que tenho que ser tudo ao mesmo tempo?
Meu corpo não aguenta essa doença,
o louco mundo adulto que espere.

terça-feira, 17 de julho de 2012

nada como um banho,
sentir a água gelada percorrendo as costas
limpando a dor,
anestesiando os medos.

em épocas de baixa-estima,
inseguranças,
nada como um banho
para massagear a vida.

sábado, 14 de julho de 2012

arrepender-se

A razão não comanda a fraqueza,
o verbo do ódio, o vocábulo do desespero.
Quem de nós, reprimidos,
sabe o que é passear entre os extremos sem arder?

Quando a boca fala o que o impulso quer,
verdades, distorções e mentiras se confundem.
Quando a razão sucumbe ao incêndio da mente,
o orgulho dita as regras,
o amor pula o muro
e a sensatez adormece.

O pior é não é o ato, o ímpeto, a chama
ou as palavras malditas em direção as vidraças.
O pior é o depois,
o amanhã, a boca seca,
a ressaca moral,
o arrependimento.

Como depois usar a máscara que a impetuosidade tirou?

segunda-feira, 9 de julho de 2012

desconexo

É sobre a divisa mal explicada entre o presente e o passado, o limiar dos sonhos, fantasias e do possível. Gosto de pensar em mundos paralelos, já que a decodificação do que tá posto é pessoal e perceptiva. Mundos que convivem, que se entrelaçam, que divergem. Um conjunto de palavras soltas, vazias e sem sentido me definem hoje e o que eu contemplo me acalma e me sufoca, agora.

Estive um tempo longe dos cadernos, estava mais perto de mim mesma e dos textos impublicáveis que me compõe. Sempre fui o que quiseram que eu fosse, mas, de algum modo, algo em mim conseguiu fugir das regras impostas, meio que pelo buraco da fechadura, meio por de baixo da porta, há, e eu sei que há, um esconderijo em que a espontaneidade ainda mora. 

Um texto matutino e preguiçoso sou eu agora, postergando mais um compromisso, mais uma ordem, mais uma regra, nada espontâneo, nada da ordem do impulso. Criar um futuro improvável me salva do tédio do presente. Não, não é sobre tristeza, apatia e nada disso, é sobre o viver, seus recortes e descosturas. É sobre o afastamento necessário de algo que te impulsiona, apenas para olhar de longe, para amadurecer a ideia, para amortecer a crise.